terça-feira, 18 de abril de 2017

Um ano após o golpe, mais recessão

Por Joana Rozowykwiat, no site Vermelho:

Ao contrário do que prometiam os apoiadores do impeachment, a crise econômica não se encerrou com a saída de Dilma Rousseff. Pelo contrário. Um ano depois, a tão alardeada recuperação não aconteceu, o desemprego aumentou drasticamente e o déficit fiscal, que era considerado um pecado do PT, bateu recorde em 2016 e persiste em 2017. Para a economista Leda Paulani, o mais grave, contudo, é o “desmonte” que está em curso, com efeitos perversos de longo prazo para o país e seu povo.

Durante o processo de impedimento, repetia-se a exaustão uma falácia, a “mística” de que o problema da economia brasileira era a presidenta e, com sua saída, tudo se resolveria. “Ninguém sabe como é possível que uma única criatura tenha tamanho poder, o poder de parar um gigante como é a economia brasileira. Mas essa história convinha a quem apoiava o golpe e divulgou-se que, com a saída de Dilma, os empresários iam recobrar a confiança, iam voltar a investir, todo esse conto da carochinha que a gente já sabe”, diz a professora de economia da USP, Leda Paulani.

Como já era de se esperar, doze meses depois do impeachment, a realidade tratou de desfazer as ilusões da retomada pós-golpe. “Porque é evidentemente que não é assim. Os empresários agem politicamente também, mas, fundamentalmente, agem pensando no bolso. Se não há expectativas de retorno, não vão investir. E deu no que vimos: o PIB [Produto Interno Bruto] de 2016 teve queda de 3,6%, o comportamento foi praticamente o mesmo de 2015, quando caiu 3,8%”, afirma Leda.

Após três anos, qual o legado da Lava-Jato?

Por Rafael Tatemoto, no jornal Brasil de Fato:

Com três anos completados em março de 2017, a Lava Jato ainda é um dos principais fenômenos no cenário político brasileiro. O Brasil de Fato ouviu dois especialistas sobre o legado da operação para o país. Para Aldo Fornazieri, professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP), nos últimos dois anos, o sistema político “se desintegrou”, ainda que não só por conta da Lava Jato. Já segundo Patrick Mariano, advogado e mestre em Direito, Estado e Constituição pela Universidade de Brasília (UnB), os efeitos jurídicos da operação são “nefastos”.


Globo quer salvar a pele de FHC

Por Paulo Henrique Amorim, no blog Conversa Afiada:

O PiG cheiroso, de propriedade da Globo Overseas Investment BV, com a inestimável colaboração do investigativo repórter André Guilherme Vieira, tenta blindar o FHC Brasif, minuciosamente delatado pelo Emílio Odebrecht, que, na opinião do ansioso blogueiro, deveria ficar em cana com o filho.

A investigativa reportagem do cheiroso e seu diligente repórter recorreu a "fontes ligadas (sic) à magistratura federal", cujas identidades e ligações não sao reveladas.

Retrocessos marcam um ano do golpe

Por Sarah Fernandes e Gabriel Valery, na Rede Brasil Atual:

O dia 17 de abril de 2016 entrará para a história como uma data controversa. Foi naquele domingo que a Câmara dos Deputados votou pelo prosseguimento do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT), eleita em 2014 com 54,5 milhões de votos. Encorajado por uma série de manifestações populares fomentadas pela mídia tradicional, o plenário aprovou “por Deus, pela pátria e pela família”, o encaminhamento do processo para o Senado, após nove horas e 47 minutos de sessão. O motivo principal, mais que o suposto crime de responsabilidade do qual Dilma foi acusada, era levar ao poder um governo que aplicasse um pacote de retrocessos que jamais seria aprovado nas urnas, como defendem movimentos sociais e analistas.

Bresser e a tentativa de reerguer o Brasil

Da revista Carta-Capital:

As reuniões aconteceram ao redor de uma sólida mesa de madeira de 6 metros de comprimento por 1,5 metro de largura numa ampla sala na zona oeste de São Paulo. Na coordenação, o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira. No centro dos debates, a questão nacional.

Ao longo dos últimos meses, economistas, empresários, advogados, sociólogos, embaixadores, artistas e políticos discutiram a dramática situação do País e propostas para a retomada do crescimento consistente, com inclusão e independência. Das conversas nasceu o manifesto Projeto Brasil Nação. “Três substantivos unidos que dizem bem o que queremos: um Brasil que volte a ser uma nação e tenha um projeto de desenvolvimento econômico, político, social e ambiental”, afirma Bresser-Pereira na entrevista a seguir.

A compreensível ascensão de Mélenchon

Jean-Luc Mélenchon
Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A relevância internacional da ascenção de Jean-Luc Mélenchon na eleição presidencial francesa não pode ser desprezada.

O crescimento de um candidato de perfil nitidamente de esquerda, de pais e avós socialistas, representa uma boa advertência contra o conformismo que ameaça se transformar na principal corrente de pensamento dos dias atuais.

Numa situação que os brasileiros conhecem muito bem, e que dá uma ideia de que o provincianismo autoritário não é uma exclusividade verde-amarela, nos últimos dias a mídia francesa transformou Melénchon no adversário a destruir.

Cadê as provas contra Lula?

As manchetes sonegadas e o fascismo

Por Tarso Genro

As delações premiadas são confissões-informações prestadas por cidadãos que já reconhecem ter cometido delitos e pretendem, através de uma colaboração formal com o Ministério Público e o Poder Judiciário, obter reduções significativas de penas e até condições especiais para o cumprimento das mesmas. Defendo que o instituto da “delação” - usado com as devidas cautelas constitucionais - pode ser um bom instrumento para nortear investigações e constituir provas para comprovar delitos de difícil aferição.

Diretas Já ou Brasil Nunca Mais

Por Marcelo Zero

O moralismo hipócrita e neoudenista, utilizado para tirar a presidenta honesta do poder, destruiu a democracia, a economia e a política do Brasil. O país está em frangalhos. E tende a piorar.

Os nossos moralistas de ocasião, que insuflaram paneleiros de classe média e procuradores messiânicos contra Dilma e o PT, com discurso raso e equivocado, agora se veem tragados pelo maelstrom das investigações “purificadoras”.

Cometeram o mesmo erro de certos setores da classe política alemã, que acharam que Hitler podia ser útil no combate aos “comunistas”. Mas, uma vez deflagrados, esses processos de histeria coletiva adquirem dinâmica própria, intensificando-se com a crise política e econômica. A caixa de Pandora do protofascismo moralizante, uma vez aberta, é muito difícil de ser fechada. Em pouco tempo, o Reichstag (o parlamento) já está pegando fogo e as instituições democráticas são reduzidas a cinzas.

O golpe e o apagão da Petrobras

Do site da Federação Única dos Petroleiros (FUP):

No dia 17 de abril de 2016, a Câmara dos Deputados Federais protagonizou um dos mais vergonhosos capítulos da história do nosso país, ao aprovar a instalação do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, sob a falsa acusação de crime de responsabilidade, as supostas pedaladas fiscais, que meses depois foram liberadas para os exercícios seguintes.

Moralistas sem moral transformaram o Plenário da Câmara em uma arena, golpeando a democracia em rede nacional, em nome de Deus e de suas famílias, homenageando torturadores, criminalizando os partidos de esquerda e os movimentos sociais, em um espetáculo dantesco que indignou a nação brasileira.

O golpe e a república da delação

Por Miguel do Rosário, no blog Cafezinho:

Cá estamos, pessoas comuns, sentados no alto de nosso isolamento, contemplando um triste e violento espetáculo. Lá embaixo, na planície, a república arde em chamas, diante de um público fascinado, perplexo, confuso. A Lava Jato cumpre, enfim, o seu destino, que é assumir o poder político no país.

Os delatores foram usados como combustível humano. Os representantes da Odebrecht, em particular, foram tratados com um cuidado muito especial, porque a Lava Jato cultivou, desde o início, a esperança de que a bala de prata contra Dilma, Lula e o PT viria do ex-presidente da empresa, Marcelo Odebrecht.

O silêncio covarde de Bolsonaro

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Uma boa medida da coragem e do caráter impoluto de Jair Bolsonaro está em sua atitude depois da divulgação da lista de Fachin.

Gravou vídeos contra alguns de seus desafetos, sendo que o mais lunático era dirigido a Maria do Rosário, sua nêmesis, por quem nutre uma obsessão que só pode ser amor.

“Que decepção para a esquerda do Brasil! A petralhada vai chorar a noite toda hoje. Mas tem duas pessoas maravilhosas aqui: Carlos Zarattini e Maria do Rosário! Mas o que é isso, Maria do Rosário? A Papuda lhe espera!”, diz ele, dando uma gargalhada de Coringa.

A Odebrecht conspirou contra Dilma

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

A matéria, hoje, no Congresso em Foco, na qual o ex-diretor da Odebrecht João Nogueira diz que o empresário Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo, fez ameaças a Dilma Rousseff para tentar frear as investigações da Operação Lava Jato, é mais um sinal de que há, entre a empresa e o PT uma relação de ódio, não de cumplicidade como se transmitiu à opinião pública.

MP de SP e as delações contra os tucanos

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Na semana passada, o Brasil tomou um choque de realidade com a descoberta tardia de que os políticos que vinham posando de virgens escandalizadas com a zona de meretrício não passam de hipócritas desavergonhados que contavam com a proteção da mídia e da direita fundamentalista que controla o Judiciário e a Lava Jato.

Acontece que vinha ficando chato. Ninguém é tão trouxa de acreditar que só existem corruptos no PT e nos partidos que se aliaram ao PT. Foi preciso entregar os anéis (suspeitos tucanos) para salvar os dedos (a destruição do PT e de Lula).

Sob Temer, a grilagem volta sem freios

Por Mauricio Torres e Sue Branford, no site Outras Palavras:

“Aqui não existe assalto. Todo mundo anda armado”, explica, orgulhoso, um taxista da cidade de Novo Progresso, no sudoeste do Pará. As armas podem não estar à vista, mas todos parecem portá-las. Em Novo Progresso, as aparências não enganam.

Sob uma fachada de prosperidade, alguns dos donos dos principais estabelecimentos comerciais do município estão em liberdade condicional. Foram presos por desmatamento, grilagem e formação de quadrilha na Operação Castanheira, em 2014, promovida pelo Ministério Público Federal, Polícia Federal e Ibama. A operação foi batizada “em homenagem” a Ezequiel Castanha, dono da ampla rede “Supermercados Castanha” e que, como se soube com as investigações, lucrava mesmo era com a grilagem e a venda de terras públicas.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Xadrez da política após o vendaval

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Peça 1 – sobre o essencial e os detalhes

Para colocar um pouco de ordem nessa barafunda.

1. No epicentro do terremoto relaxe e espere a terra assentar. A realidade nunca é tão ruim quanto parece no olho do furacão.

2. Toda essa movimentação em torno da lista de Fachin tem dois objetivos claros. O atual, é o desmonte do sistema de seguridade social e outras reformas antissociais; o de 2018 obviamente são as eleições.

O que está em jogo é o desenho de país que se terá, o futuro dos avanços civilizatórios das últimas décadas, o destino de milhões de pessoas hoje em dia amparadas pelo sistema de seguridade social.

Esse é o ponto central. O restante são os meios, as táticas políticas.


Trump: o novo xerife da cidade

Por Fernando Horta, no site Brasil Debate:

Desde o século XIX, o mundo não se sentia tão desconfortável pelo surgimento de um “xerife” que se arrogava o direito de intervir em qualquer parte do mundo, a partir de seus pressupostos éticos. Em 1845, a Inglaterra lançou o Bill Aberdeen, declarando-se em condições e legitimidade de atacar qualquer embarcação carregando escravos, em qualquer lugar do mundo. Trump, nos últimos dias, avisou que os ataques que foram lançados sobre a Síria seriam um “aviso” a todos os países “fora da ordem internacional”. Para amenizar o discurso, assessores de Trump rapidamente apontaram para a Coreia do Norte e seu teste de mísseis balísticos próximos ao Japão.

Odebrecht é o outro nome do Estado mínimo

Por Saul Leblon, no site Carta Maior:

Marcelo Odebrecht é um capitalista para ninguém botar defeito.

Herdeiro da empresa fundada pelo avô e expandida pelo pai, uma das maiores construtoras do país e do mundo, logo entendeu que era inexorável servir à lógica da acumulação intrínseca ao sistema do qual é senhor, ‘mas também escravo’, como já disse um alemão especializado no assunto no século XIX.

O roteiro dessa dinâmica persegue objetivos sabidos.

Otimizar os fatores pela ampliação da escala.

Explorar oportunidades convergentes.

Um ano depois, onde estão os golpistas?

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Hoje, 17 de abril, faz um ano da tenebrosa sessão em que uma Câmara corrupta votou pela abertura do processo de impeachment de uma presidenta honesta, Dilma Rousseff. Onde estão hoje os principais personagens desta história? E onde está Dilma?

Michel Temer: citado na Lava-Jato, o presidente ilegítimo já precarizou a vida do trabalhador, congelou gastos com a saúde e a educação pelos próximos vinte anos e agora planeja destruir a aposentadoria.

A pressa de Moro, com a ajuda da mídia

http://pataxocartoons.blogspot.com.br/
Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Pode-se dizer que o estouro das delações da Odebrecht pelo STF não foi politicamente cronometrado e que atingiu todo o sistema político, mas é certo que a explosão criou o tempo perfeito para a pressa que o juiz Moro tem de condenar o ex-presidente Lula em primeira instância, com vistas à sua inelegibilidade. Com o depoimento do ex-presidente marcado para o dia 3 de maio, numa espécie de juízo final que pode resultar em confronto de manifestantes em Curitiba, Moro marcou para o dia 20 de abril, a próxima quinta-feira, o depoimento do executivo da OAS Léo Pinheiro sobre o caso do tríplex do Guarujá. Não havendo até agora colhido provas de que o apartamento pertença ou tenha pertencido a Lula, parece haver uma aposta de Moro em revelações de Pinheiro e de outros executivos da OAS que o incriminem.