sábado, 21 de outubro de 2017

As regalias do homem do ‘trensalão’ tucano

Por Helena Sthephanowitz, na Rede Brasil Atual:

O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo Robson Marinho é apontado pelo Ministério Público da Suíça em 2014 como peça-chave de um esquema de corrupção em torno dos contratos do Metrô e da companhia de trens (CPTM) de São Paulo. Segundo relatório do paraíso fiscal europeu, Robson Marinho ter recebido propina milionária para beneficiar a empresa francesa Alstom em contratos entre 1998 e 2008 nos governos tucanos de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin. Mas esta semana o conselheiro voltou a ocupar seu cargo no TCE por decisão da 12ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, emitida nesta terça feira (17).

Além da ação que está na justiça de São Paulo, Marinho também é réu no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A acusação é de lavagem de dinheiro e corrupção também por receber propina. No caso, ao dar sinal verde para contrato da Alstom com a Eletropaulo, antiga estatal de energia, para fornecimento de subestações de energia elétrica para o Metrô de São Paulo.

As iniciais do nome do conselheiro (RM) aparecem em documentos da Alstom que foram apreendidos em investigações na Suíça e na França. Marinho foi chefe da Casa Civil de Mario Covas (1995-1997) antes de ser indicado por ele para o TCE.

Acabou afastado do tribunal de contas em 2014, por decisão da juíza Maria Gabriella Pavlópoulos Spaolonzi, da 13ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo. A Justiça também bloqueou todos os seus bens no Brasil e na Suíça. À época, a magistrada acatou alegações do Ministério Público de São Paulo depois de o órgão na Suíça enviar ao Brasil provas de que ele recebeu e escondeu mais de US$ 3 milhões da propina recebida da Alstom em contas secretas na Suíça e nas Ilhas Virgens Britânicas.

Mesmo sendo réu sob acusação de corrupção, e afastado do cargo há três anos Marinho, continuou a receber seu salário de R$ 30.471 mensais, de acordo com o site do TCE. Em três anos, recebeu R$ 1,65 milhão.

Um dos fundadores do PSDB, Robson Marinho exerceu os mandatos de vereador em São José dos Campos e deputado estadual nos anos 1970. Chegou a ser prefeito dessa cidade do interior do estado (entre 1983 a 1986). Foi deputado federal até o início dos anos 1990, antes de ser auxiliar do governo Covas. Ao chegar ao TCE, desfilou-se do PSDB, como exige a corte.
Jornal dos EUA revelou caso

Em 2008, o Wall Street Journal revelou que a Alstom estava sendo investigada por pagar propina a funcionários públicos e políticos no Brasil. Segundo o Ministério Público suíço, políticos brasileiros favoreceram a empresa em licitação do Metrô paulista. A Suíça bloqueou uma conta do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Robson Marinho. Naquele ano o Ministério Público de São Paulo entrou no caso, pedindo informações à Suíça e instaurando seu próprio inquérito, que anda a passos lentos.

As propinas acumulados pelo conselheiro investigado podem chegar a mais de R$ 70 milhões, em valores corrigidos. A "ajuda" à Alstom no setor elétrico seria uma prévia do que se repetiria no "trensalão tucano", envolvendo o bilionário cartel de trens e metrôs, revelado pela alemã Siemens.

Como pode alguém, que responde por acusações de um megaescândalo de corrupção internacional continuar, no tribunal, julgando a prestação de contas dos governadores tucanos amigos? E, pasme, ele não é apenas conselheiro, é também corregedor do TCE!

1 comentários:

DARCY BRASIL RODRIGUES DA SILVA disse...

A "ração humana" do Dória é repugnante. Porém, remetendo a um comentário que fiz aqui em outra ocasião (lembrando que não posso escrever com a clareza que desejaria, pois para navegar na Internet tenho que fazer um sacrifício de andar cerca de 2 km para acessar um Wi-Fi gratuito, digitando em um banco de praça, posto que ficou caro para mim navegar em um plano pago), penso que devemos ter cuidado para, diante da necessidade de combater um inimigo político tão pernicioso, não acabar atacando uma ideia que é, a meu ver, correta, qual seja: a produção de um complemento alimentar a partir de descartes de alimentos, através de processos bioquimicamente válidos, cientificamente concebidos, submetidos a rigorosos certificados de qualidade emitidos por órgãos competentes. Isto porque, como disse naquele comentário, a ideia de produzir um complemento alimentar dessa natureza ocorreu a cientistas da UFMG (e não seria surpresa que tivesse ocorrido há muitas pessoas bem intencionadas em todo o mundo). O processamento de alimentos descartados, tais como a xepa das feiras, ou as sobras de comidas de várias procedências, levaria, de forma quase inevitável, ao formato de uma farinha, ou seja, a um produto final desidratado. Pelo que andei lendo, a "ração humana" de Dória nada tem a ver com um produto desta natureza, tanto como resultado de uma pesquisa científica válida, como do ponto de vista das certificações sanitárias que referi.

Essas ressalvas que faço referem-se a um princípio que creio que devemos sempre observar para não correr risco de que se pense que somos iguais aos militantes inescrupulosos da direita. Se Dória tivesse manifestado a intenção de aproveitar um complemento alimentar produzido, por exemplo, por pesquisadores da USP, comprovadamente nutritivo e não prejudicial à saúde humana,ou seja, isento de substâncias nocivas de qualquer natureza, não poderíamos condená-lo por isso, por mais asqueroso que o homem e o político Dória seja. A quantidade de alimentos que se desperdiça atualmente poderia, de fato, salvar a vida de muitos seres humanos que morrem de fome ou que sofrem as consequências de carências nutricionais que acabam lhes abreviando a vida. Poderia igualmente, se pudesse ser reaproveitada, diminuir acentuadamente os desperdícios de recursos naturais necessários à produção destes alimentos, entre eles a água (para cada 1Kg de soja produzida, utiliza-se 1600 litros de água), etc. Devemos, portanto, atacar o fascista nojento que Dória é, combatendo a sua proposta de "ração humana" pelo que ela representa de descaso pela dignidade humana, mostrando que ela não tem respaldo de centros de pesquisa, que pode prejudicar a vida das pessoas que vierem a consumi-la, sem, entretanto, descartar a ideia de tal complemento que orienta os esforços que se fazem para reaproveitar alimentos que atualmente vão parar na lata de lixo. Eu usaria, se viesse a ser produzida, um complemento alimentar chancelado por pesquisadores brasileiros nas condições necessárias de segurança que referi.