terça-feira, 9 de maio de 2017

Câmara é sitiada na votação da Previdência

Congresso, 9/5/17. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Por Altamiro Borges

Tudo indica que o cenário de incertezas no Brasil parte para maiores definições nos próximos dias. Em Curitiba, o Partido da Lava-Jato, que teve papel decisivo na deposição de Dilma Rousseff, está desesperado para concluir sua obra, inviabilizando a potencial candidatura do ex-presidente Lula em 2918. Já em Brasília, o covil golpista de Michel Temer joga todas as suas fichas para aprovar as contrarreformas trabalhista e previdenciária. Do contrário, o próprio Judas pode ser descartado e traído pelas forças do capital que orquestraram e financiaram o golpe dos corruptos. A votação dos destaques da “reforma da Previdência” nesta terça-feira (9) indica que a tensão atingiu o seu ponto máximo. A Câmara Federal foi literalmente sitiada, com grades e forte aparato repressivo.

Segundo relato de Sônia Corrêa, do site da CTB, “com a Câmara Federal cercada por grades e com policiamento ostensivo e policiais portando armas de fogo – o que é proibido pelo regimento interno –, a Comissão Especial da Reforma da Previdência (PEC 287/16) realizou a votação dos destaques que ficaram faltando na semana passada, quando agentes penitenciários ocuparam o plenário da Comissão e impediram a sequência do pleito. Deputados da oposição e contrários à reforma criticaram a realização da reunião de votação, as condições de estado de sítio e a presença de policiais com armas letais no interior da Casa Legislativa. O Deputado Ivan Valente (Psol/SP) disse que é inadmissível que a Câmara impeça a presença da sociedade em seu interior”.

“A deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ), que também representou a liderança do bloco da minoria, tentou por diversas vezes que a sessão fosse suspensa e que os líderes partidários fossem ao presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM/RJ), para solicitar que tirassem o cercamento da Câmara e o acesso ao povo fosse assegurado. No entanto, o presidente da Comissão Especial, deputado Carlos Marun (PMDB/MS), desconsiderou o encaminhamento da Deputada. Os deputados Bebeto (PSB/BA), Heitor Schuch (PSB/RS), Pepe Vargas (PT/RS), Alessandro Molon (Rede/RJ) também se manifestaram diante da situação absurda de cercamento da Casa e, principalmente, diante da presença de policiais armados no interior da Câmara, desrespeitando o regimento interno e visando coibir manifestações sob a ameaça de grave utilização da força e da violência”.

Diante da violência repressiva, os partidos de oposição ao covil golpista de Michel Temer divulgaram uma nota de repúdio:

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Por medo do povo, que é totalmente contrário ao desmonte que o governo ilegítimo quer impor ao país, o Congresso Nacional agora trabalha totalmente cercado pela polícia, única forma de votar a reforma da Previdência, que nada mais é que o fim do direito à aposentadoria, na comissão especial. Isso é inaceitável, uma verdadeira agressão ao direito de ir e vir e de manifestação do povo brasileiro. Não por acaso, situação semelhante só foi vista durante a vigência do Ato Institucional Número 5 (AI-5), que permitiu aos ditadores militares fechar o Congresso e cassar parlamentares. É uma vergonha para aquela que um dia se intitulou a Casa do Povo se acovardar dessa maneira e assumir uma posição servil diante desse governo ilegítimo, se transformar em mero apêndice do Palácio do Planalto. Mas a Justiça não tarda, e a voz das ruas se fará ouvir nas próximas eleições.

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Apesar dos protestos, os destaques foram aprovados e o texto-base do relator, deputado Arthur Maia (DEM/BA), segue agora para a apreciação no plenário da Câmara Federal. A Proposta de Emenda à Constituição será votada em dois turnos e serão necessários o mínimo de 308 votos para que ela seja aprovada e encaminhada à análise do Senado e à posterior sanção do Judas Michel Temer. Diante do risco real do golpe nas aposentadorias, as centrais sindicais já decidiram “ocupar Brasília”. A batalha da Previdência deverá ser definida até o final de maio.

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